
O filme "Ensaio Sobre a Cegueira", adaptação do romance homônimo do Nobel português José Saramago com direção do brasileiro Fernando Meirelles ("Cidade de Deus", "O Jardineiro Fiel"), vai fundo num mundo apocalíptico onde as pessoas destituídas de visão se alienam e se degradam aos poucos.
O Brasil é o primeiro país onde será lançado comercialmente, com cerca de 100 cópias. O longa é uma co-produção brasileira, canadense e japonesa. As cenas de estúdio foram filmadas no Canadá - a parte do confinamento num presídio desativado - enquanto as externas foram feitas em São Paulo e Montevidéu.
Na epígrafe do livro "Ensaio Sobre A Cegueira", Saramago usa uma citação do "Livro das Exortações": "Se é capaz de ver: olhe. Se é capaz de olhar: observe", deixando claro que existe uma diferença entre olhar e observar. E nesse filme há muito o que se observar.
Estrelado por Julianne Moore ("As Horas"), Danny Glover ("Manderlay"), a brasileira Alice Braga, de "Eu Sou a Lenda", Gael García Bernal ("Babel"), o roteiro assinado pelo canadense Don McKellar, nos remete à reflexões sobre A falta da visão coletiva que parece desumanizar as pessoas e aos poucos as remete a um estágio primitivo onde não existem mais velhos ou jovens, brancos ou negros, pois ninguém é capaz de ver o que o outro representa. Despidos desse sentido, os personagens podem deixar aflorar o que há de melhor ou pior dentro de si.
No vácuo deste lançamento devemos curar a cegueira que portamos quanto à realidade da falta de doadores de órgãos no Brasil...
Dados do Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde revelam que o número de transplantes no Brasil aumentou em 44%, em seis anos. De 56,41 transplantes/milhão de habitantes em 2001, houve um incremento para 81,09 transplantes/milhão de habitantes em 2007. Embora as estatísticas sejam otimistas quanto aos procedimentos, o país ainda precisa melhorar no quesito doação, considerado fundamental para o sistema continuar em ascensão.
O Brasil está entre os três maiores do mundo em número total de transplantes, mas não em captação de órgãos. Depois de um processo de apagão que durou quatro anos o país chegou a 6,2 doadores /milhão de habitantes em 2007 e a intenção é alcançar 10 /milhão de habitantes em quatro anos A Espanha, considerada referência mundial em número de doadores, têm 35/milhão de habitantes”.
A expansão aconteceu principalmente nos estados do Norte e Nordeste do país. Se em 1998, o Nordeste representava 8% do total de transplantes realizados no Brasil, em 2007 representa 13,8%. A região Norte, que representava 0,02% do total em 1998, hoje representa 1,44%. O Maranhão que em 1998 não havia feito nenhuma cirurgia, em 2008 realizou 95. O Pará que começou com um transplante em 1998, fez 117 no ano de 2007. São 559 hospitais no país autorizados a fazer o procedimento.
Ainda que a expansão tenha sido grande, estados como Tocantins, Roraima e Amapá ainda não oferecem o serviço. Tocantins e Amapá já se articularam para oferecer, mas o processo ainda está em andamento. Acre e Rondônia passaram a disponibilizar o procedimento em 2006. O Acre faz cirurgias de rim e Rondônia de córnea. São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul são os estados que mais fizeram o procedimento no país em 2007, se considerada a população de cada um. Os hospitais do estado de São Paulo fizeram 178 transplantes/milhão de habitantes, seguido do Paraná, com 119 transplantes/milhão de habitantes e do Mato Grosso do Sul com 100 transplantes/milhão de habitantes.
Dentre os transplantes mais realizados nos três estados em 2007 está o de córnea. Isso porque o procedimento é mais simples. O paciente não precisa ficar internado. A córnea não é rejeitada e ela pode ser captada em casos de morte encefálica e por parada cardíaca. O segundo tipo de transplante mais realizado pelo SUS é o rim. Pois nesse caso o doador pode estar vivo.
O órgão mais aguardado na lista de espera é o rim com 34.108 pessoas em dezembro de 2007. Em segundo lugar, a córnea com 24.611 indivíduos. E em terceiro o fígado, com 6.452 cidadãos.
De todos os órgãos, o rim é considerado o mais sujeito à rejeição. O menos sujeito é a córnea que por ser um tecido passa por um processamento e não possui redes de vasos que conectem doador e receptor e, portanto, não há contato entre a informação genética dos dois.
Outra curiosidade é que mulheres que já tiveram filhos têm mais chances de sofrer rejeição no transplante que mulheres sem herdeiros. Isso porque pelo corpo das que são mães já circulou outro sangue (o do bebê), o que aumenta as chances de rejeição.
Para realização do transplante de rim são obedecidos alguns critérios para a doação. Por exemplo, no caso do fígado é o paciente em estado mais grave que recebe primeiro. Para o transplante de rim, é preciso ver a compatibilidade e o fator antígeno leucocitário humano (HLA) – ligado à rejeição. No caso de receptores de coração e pulmão são observados a compatibilidade anatômica. O receptor e o doador devem ter portes semelhantes (peso e tamanho), além do tipo sangüíneo compatível. Recebe córnea quem tem mais tempo de espera.
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