Ano de 1964...
Numa madrugada de 31 de março, tropas militares se deslocam de Juiz de Fora (MG), para o Rio de Janeiro, tendo à frente o general Olimpio Mourão Filho, dando início a uma página negra da nossa história que culminou com o golpe que derrubará o presidente João Goulart.
Contando com o apoio de outras unidades militares, há muito envolvidas no golpe, e sem resistências das tropas leais ao presidente, o golpe se consolida sem que houvesse necessidade de enfrentamento armado. É um movimento vitorioso, que na verdade apenas dava sequência a uma longa tradição de intervenções militares na política brasileira (a própria proclamação da República foi um golpe militar), onde registram-se inúmeros episódios da participação dos militares na repressão às lutas populares.
A luta pela Anistia se pautou pelo compromisso de reconduzir à sociedade brasileira todas as pessoas que, por motivos políticos, foram dela afastadas, compulsoriamente, pelos métodos da tortura e da repressão violenta. Trouxe exilados, banidos e pessoas perseguidas de volta ao convívio familiar e social, e devolveu a liberdade à maioria dos presos políticos. No período de 22 de julho a 22 de agosto, os presos políticos realizaram, em todos os presídios, uma greve de fome nacional contra o projeto governamental de Anistia Parcial e em apoio à luta pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita.
A greve foi expressão destacada dos 15 anos e meio de resistência dos presos políticos. Os parlamentares de oposição, em sua maioria, decidiram apoiar o projeto, mas apresentando o maior número possível de emendas para ampliar a Anistia. Houve manifestações populares de protesto contra o projeto do governo que limitava o sentido da Anistia. Graças a estas mobilizações, algumas emendas conseguiram melhorar um pouco mais o projeto inicial que, finalmente, foi aprovado em 28 de agosto de 1979.
As pessoas anistiadas foram aquelas que foram processadas formalmente pela Ditadura, tiveram seus nomes publicados em listas nos jornais da grande imprensa. As pessoas cuja prisão não chegou a ser oficializada pelos militares não foram anistiadas, e foram milhares, embora tenham sido torturadas, perseguidas e intimidadas todo o tempo pelos agentes da ditadura. Os mortos e desaparecidos políticos não foram reconhecidos. Muitos deles sequer tiveram direito a um atestado de óbito. Os militares, ao procurarem esconder seus crimes, impediam o esclarecimento das circunstâncias de prisões, torturas e mortes ocorridas nos porões da ditadura. Não entregaram os restos mortais dos presos políticos desaparecidos - uma situação que ainda perdura - impedindo a seus familiares de até mesmo dar um sepultamento digno aos seus parentes.
O contraponto da situação: os torturadores e assassinos estatais da época, ganharam o "perdão" por terem apoiado um regime que chegou ao poder através de um golpe. Mais do que isso, usaram o Estado para torturarem e desrespeitarem a lei que eles mesmo impuseram.
Resquícios da Ditadura...
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