domingo, 19 de outubro de 2008

A SELVAGERIA EM NOME DO AMOR... UM CRIME PASSIONAL.

As estatísticas apontam que pelo menos 2.500 mulheres são mortas por ano, no país, vítimas de crimes passionais que continuam enchendo as páginas dos jornais sem que nossa sociedade acorde para o problema: não existe crime cometido por amor.
O conceito popular de crime passional é de um crime cometido por amor, entretanto Amor e paixão não se confundem, embora os termos sejam, muitas vezes e equivocadamente, usados como sinônimos.
Juridicamente, convencionou-se chamar de passional todo crime cometido em razão de relacionamento sexual ou amoroso, entretanto é um crime como qualquer outro e não se enquadra na figura penal atenuante de "violenta emoção".
No entanto, a paixão que move a conduta criminosa não deriva do amor, mas de seu extremo oposto - o ódio. Pode ser que, no início da relação, assassino e vítima tivessem tido uma relação afetiva e sexual próxima do amor, mas, no momento em que o homicídio é cometido, nenhum amor restou, embora tenha persistido a paixão, que se traduziria em obsessão doentia e destrutiva.
O homicida passional não merece nenhum tipo de compaixão. A paixão não pode ser usada para desculpar o assassinato, senão para explicá-lo. Como motivo de crime, a paixão é vil, torpe, abjeta. O homicídio passional tem sido classificado como uma forma gravíssima de delito - um crime hediondo.
Luiz Ângelo Dourado, especializado em psicologia criminal, entende que o homicida passional é, acima de tudo, um narcisista. Ele passa a vida enamorado de si mesmo; elege a si próprio, ao invés de aos outros, como objeto de “amor”. Não possui autocrítica e exige ser admirado, exaltado pelas qualidades que não tem.
Não acontecendo assim, sente-se desprezado, morto, destruído, liquidado. Contra isso, luta com todas as armas, podendo até matar para evitar o colapso de seu ego. Reage contra quem teve a audácia de julgá-lo uma pessoa comum, que pode ser traída, desprezada, não amada.
Na verdade, ele nunca teve interesse real, sincero, pela parceira. Nunca soube amar, no sentido correto do termo. O passional precisa de um médico e, acima de tudo, das sanções penais. Em regra, os homicídios entre parceiros ou ex-parceiros sexuais são premeditados. O assassino planeja detalhadamente sua ação e, quando chega o momento de matar, age de surpresa e friamente.
Não se pode confundir “passionalidade” com a figura penal atenuante da “violenta emoção”. Esta última é reação violenta e passageira, já a paixão é um estado crônico, duradouro, obsessivo.
Não é possível assistir, impassível, às sucessivas demonstrações de prepotência assassina que ocorreram ao longo da história de nosso país sem qualificar o agressor pelo que ele realmente é: um odioso matador. Alguns psiquiatras afirmam que o homicídio passional pode ser evitado através de tratamento médico. Mas, se o tratamento indicado falhar e o delito se consumar, restará à Justiça punir exemplarmente seu autor.
Entretanto... os casos de impunidade... de corrupção na justiça... corrupção que campeia no solo brasileiro... a morte que ceifa vidas inocentes... a dor no coração dos que sofrem pela perda de entes queridos... a estatística infelizmente aumenta!


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